Uma história do Modernismo na Pinacoteca de São Paulo
” Instalada no segundo andar do edifício restaurado por Haron Cohen, a mostra Arte no Brasil: uma história do Modernismo na Pinacoteca de São Paulo reúne 50 obras entre pinturas e esculturas.”
As obras de Alfredo Volpi, Cândido Portinari, Carlos Prado, Emiliano Di Cavalcanti, Ernesto Di Fiori, Flávio de Carvalho, José Pancetti, Lasar Segall, Sérgio Camargo, Tarsila do Amaral e Victor Brecheret, entre outras, ficarão expostas até o final de 2015. Uma boa amostragem daquilo que a arte moderna nacional produziu de melhor. ”
“Esta obra foi pintada no começo da segunda fase do modernismo, que foi de 1930 a 1945, nessa época do modernismo era mais retratada a classe trabalhadora e mais pobre do Brasil, assim como fez Carlos Prado.
O pintor retrata as pessoas dessa festa como um todo, uma identidade partilhada, a partir do momento em que decide ocultar os detalhes faciais de todas elas, de forma que o importante não é quem cada uma delas é, e sim a identidade todas elas formam. Da mesma forma que a identidade brasileira é formada por características do povo no geral, não por características individuais de cada um. Quando Carlos Prado pinta as pessoas retratadas de uma cor semelhante com o espaço ao entorno, se cria uma identificação entre ambos, tornando semelhantes. Em resumo, o pintor cria uma relação entre as pessoas e o espaço onde estão, formando a identidade do espaço”
“A influência de Constantin Brancusi – a quem Brecheret conhecera em Paris por intermédio de Tarsila do Amaral – é percebida por meio da geometrização, polimentos, utilização dos volumes roliços e ovóides num caminho de simplificação e fechamento das formas. Ao mesmo tempo, o artista absorve soluções do art déco, muito em voga na Paris dos anos 1920.
O Beijo é uma das obras em que a influência de Brancusi é mais visível: os volumes cilíndricos, a junção dos corpos, a geometrização dos membros, a inserção de volumes extremamente geométricos e a base cilíndrica conferem ao todo um encerramento próprio. Por outro lado, há uma relação, ainda que discreta, com o diálogo entre os escultores cubistas e Jacques Lipchitz, no tratamento das mãos e na inserção de retângulos no conjunto. A base, diferindo da escultura, extremamente polida, apresenta-se em estado mais bruto.”
Ana Paula Nascimento
“O modernismo, um movimento de grande inovação formal, deu continuidade à busca por uma identidade brasileira, que já despontava no século 19”, explica Regina Teixeira de Barros, curadora da mostra composta por itens vindos do acervo da Pinacoteca do Estado de São Paulo e da Fundação José e Paulina Nemirovsky.
A mostra é dividida em três partes. No início, aborda as inovações formais do chamado primeiro modernismo, com obras de Lasar Segall a Flávio de Carvalho. A segunda parte celebra a retomada das tradições da pintura, sobretudo com artistas atuantes nas décadas de 1930 e 1940, como Alberto da Veiga Guignard e Pancetti. Por fim, veem-se obras de Bonadei e Volpi, influenciadas pelo abstracionismo e que apontam em direção ao concretismo, sedimentado nos anos 1950.”