Georg Baselitz – pintor alemão contemporâneo

Artes Plásticas

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Nascido como Georg Kern, em 23 de janeiro de 1938 em Deutschbaselitz, no estado alemão da Saxônia, o pintor Georg Baselitz chegou aos 70 anos com um estilo diferente do que o caracterizara desde o final dos anos de 1960, quando, para escapar do Conceitualismo, começou a pintar seus quadros de cabeça para baixo.

A marca registrada de Baselitz tornou-se também uma espécie de obsessão do mercado de arte, ao qual muitas vezes o pintor tentou agradar: “Qual o problema em ter sucesso?”, afirma o artista. Conhecido como um provocador desde que foi expulso da Academia de Belas Artes da antiga Berlim Oriental, Georg Baselitz se renova com uma nova provocação através do resgate pictórico de antigos quadros.

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O mesmo passado

Ao emigrar para a antiga Berlim Ocidental, em 1958, Georg Kern passou a utilizar o pseudônimo Georg Baselitz, em alusão à sua cidade natal, na antiga Alemanha Oriental, da qual o pintor emigrara três anos antes da construção do Muro.

Baselitz divide assim com Sigmar Polke e Gerhard Richter o mesmo passado: a lembrança de uma infância numa guerra e de uma adolescência num regime cujo estilo artístico era caracterizado pelo Realismo Socialista.

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MMM in G and A  -1961-66  – OST 195X145

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Rebel  1965  OST 165x133x4,0  Tate Gallery, Londres, UK

Real Academia das Artes

Em 2007, a Real Academia das Artes de Londres realizou uma grande retrospectiva da obra de Baselitz com mais de 60 pinturas, além de esculturas, gravuras e desenhos. Foi a primeira retrospectiva que a tradicional galeria londrina dedicou a um pintor alemão.

Iniciando pelos trabalhos que retratam partes do corpo ou corpos esfacelados, como a série Pés, do início dos anos de 1960, ou talvez a mais famosa obra do pintor, o quadro A Grande Noite Perdida, confiscada pelo governo alemão por considerá-la obscena, em 1963, a galeria londrina percorreu quase 50 anos da obra do artista.

Das astutas pinceladas que construíam e, ao mesmo tempo, destruíam os objetos retratados até os quadros feitos para a exposição Remix de Munique, em 2006, onde Baselitz repintou antigos quadros que fez há 40 anos, a galeria londrina mostrou o desejo constante de o artista comunicar algo que está entre o “pensamento e o gesto”.

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The Brücke Chorus  1983 OST  280×450 cm

Arte do sim e do não

Tal atitude maneirista – e não foi à toa que Baselitz tanto se interessou pelo Maneirismo ao passar seis meses em Florença em 1965 – pode ter origem nos conflitos internos de seu passado.

Como afirmou o crítico Hanno Rauterberg, não somente a Alemanha da época estava dividida, mas também os seus artistas. Para escapar do fogo ideológico comunista, pintores como Baselitz, Polke e Richter deram as costas ao Leste, encontrando um Ocidente carregado de ideologia artística. Eles não quiseram pertencer a nenhum dos lados e escolheram o caminho do entremeio, da “arte do sim e do não”, explica Rauterberg.

Foi assim que Baselitz, para escapar do Conceitualismo e do Minimalismo da década de 1970, começou a pintar, a partir de 1969, seus quadros de cabeça para baixo, explorando o lapso entre o ver e o pensar. No entanto, esse feitiço virou contra o feiticeiro. Baselitz ganhou uma marca registrada que retirou de sua pintura a força que esta encontrava na contradição de pintar figuras, que, ao mesmo tempo, desintegrava.

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Elke e Georg 1975  OST 350×250   Museum Ludwig, Cologne -Alemanha

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Die Mädchen Von Olmo II  1981  OST  250×249  Centre National d’Art et de Culture Georges Pompidou, Paris- França

Mediocridade exaustiva

A retomada de Baselitz como um pintor contemporâneo só aconteceu durante a década de 1980 através do Neo-expressionismo, um período também muito criticado da obra do artista por sua prolificidade: “Quantas pinturas Georg Baselitz, aquela robusta fonte germânica de mediocridade exaustiva, pinta por ano?”, perguntava o crítico Robert Hughes numa conferência sobre o tema arte e dinheiro, em 1984.

Segundo o interessante guia da Real Academia de Londres sobre o pintor, os trabalhos produzidos por Baselitz nessa época são marcantes por sua intensidade de cor e rapidez de execução, o que foi interpretado como uma exploração das condições do mercado.

É desse período também a incursão de Baselitz na escultura. A controvertida obra Modelo de uma Escultura também esteve presente na exposição londrina. Um torso quase deitado faz uma saudação que lembra, ao mesmo tempo, a de Hitler e a de um pedido de ajuda. O artista afirmou que era apenas uma cópia de uma escultura africana. Diferentemente do passado, a provocação de Baselitz passou despercebida pela imprensa londrina.

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Adieu  1982  OST  250×300 cm

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O forte apelo visual da obra de Baselitz é consequência da sua profunda convicção quanto ao significado insubstituível da pintura. E isso se sente diante de qualquer uma de suas telas.

Não há dúvida que Baselitz é um artista conhecido, admirado e influente entre pintores brasileiros, especialmente aqueles que sentiram o impacto da sua obra a partir, eu diria, dos anos 1980. Embora não haja no Brasil uma forte tradição expressionista (hoje essas categorias parecem se referir pouco à tradição), a força da pintura de Baselitz é por si só suficiente para causar influência. Aliás, eu diria que a influência e admiração por Baselitz entre pintores mais jovens tem aumentado nos últimos anos. (Paulo Venâncio Filho)

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A Modern Painter Remix  2007

Fonte DW- World.de