Igreja de Santo Antônio na Praça do Patriarca, São Paulo
A Igreja de Santo Antônio é considerada a mais antiga dentre as igrejas remanescentes de São Paulo. Sua data de fundação porém não é precisa. Existe uma referência ao templo no testamento de Afonso Sardinha, cuja data nos aparece como novembro de 1592, em que o bandeirante doa a quantia de dois cruzados para a “ermida de Santo Antonio”, entendemos assim que construção é anterior a essa data. Tratava-se então de uma pequena capela, erguida por fiéis anônimos, ao término da rua hoje conhecida como Direita.
Rua Direita, em fotografia de Militão de Azevedo, de 1862. Ao fundo, vê-se a torre da Igreja Santo Antônio
Fachada da Igreja de Santo Antonio, na Praça do Patriarca. (Preservação/DPH/SMC, Chico Saragiotto – 2008)
“As informações sobre a capela de Santo Antônio só se tornariam mais precisas a partir de 1638. Nesse ano, a ermida passa por sua primeira reforma. No ano seguinte, chegam a São Paulo os primeiros frades da Ordem dos Franciscanos, vindos do Rio de Janeiro, e instalam-se na ermida, incumbindo-se de suas tarefas. Mesmo após a construção do convento da ordem, erguido no Largo de São Francisco entre 1642 e 1647, os franciscanos continuam a zelar pela capela e a mantê-la em funcionamento.
Em 1717, a capela passa por nova e grande reforma para ampliar suas instalações, empreendida pelo primeiro bispo de São Paulo, Dom Bernardo Rodrigues Nogueira, com a ajuda dos devotos. Em função do aumento do edifício, praticamente reconstruído, a ermida é elevada à categoria de igreja nesse mesmo ano. Uma terceira reforma seria levada a cabo em 1747. Em 1774, é fundada a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Brancos, que assume a administração do templo e o transforma em sua sede. Menos conhecida e muito menos influente no periodo colonial do que a Irmandade dos Homens Pretos, a confraria seria responsável por outras modificações que alterariam profundamente as feições da fachada da igreja.
Em 1899, a Prefeitura intimou a Irmandade a providenciar a demolição e a reconstrução da torre e da fachada, em virtude do alinhamento da Rua Direita. Custeadas por Francisco Xavier de Barros, Barão de Tatuí e pelo Conde Prates, ambos residentes nas imediações ainda antes da construção do Viaduto do Chá, as obras só foram concluídas em 1919 e incluíram uma reforma geral do templo. Quase 100 anos depois, em 1991, outro incêndio danificou os fundos do edifício.
Ao longo de quatro séculos, inúmeras reformas e intervenções comprometeram a integridade artística e arquitetônica da Igreja de Santo Antonio, mas não reduziram sua importância histórica, principal justificativa do tombamento, em 1970, pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephhat).”
Altar Mor da Igreja / Foto Renzo Grosso (2014)
Imagem no Altar Mor
“Com recursos provenientes da lei de incentivo à cultura, obras de restauro tiveram início em janeiro de 2005. Durante os trabalhos em um dos altares laterais, foram identificadas intervenções de diferentes épocas, como camadas de tinta e sobreposição de talhas, que encobriam as pinturas originais do altar. Optou-se, então, por recuperar as feições barrocas.
Foram retiradas as talhas do século 20 e restauradas as pinturas, datadas do século 17, com a representação de anjos. Agora, restaurado, o altar exibe as matizes utilizadas no Barroco Paulista, como o vermelho, o amarelo e o dourado. São de grande beleza os retábulos dos altares, em madeira talhada, reconstituídos em parte depois de atingidos por um incêndio na década de 1980.
Retábulo
Teto do Altar Mor
Lateral do Altar Mor / Foto Renzo Grosso (2014)
Lateral esquerdo do altar
Lateral direito do Altar
Após a realização de prospecções no forro do altar-mor, também foi encontrada uma pintura seiscentista de boa qualidade técnica e artística, que resistiu aos incêndios de 1891 e 1991. As camadas de tinta que a encobriam foram retiradas. Em seguida, a pintura foi consolidada e restaurada..
É provável que se trate do afresco mais antigo da cidade, sendo um raríssimo exemplar da pintura autônoma praticada em São Paulo durante o período colonial.
O achado barroco revela as características da arte produzida em São Paulo no período colonial e reforça a importância da Igreja de Santo Antonio para a história da cidade.
O prédio também foi tombado pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo (Conpresp), pela Resolução 5/91 (ex-ofício).
Afresco no forro de madeira, em cima do Altar Mor / Renzo Grosso (2014)
Santa Terezinha / Claudia (2014)
Santa Terezinha / Claudia (2014)
Fontes :
Fonte IHGSP, Prefeitura de São Paulo e Wikipedia