JOAN MIRÒ

Artes Plásticas

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Entrevista de Joan Mirò a Georges Raillard que resultou no livro “A cor dos meus sonhos”.Este é um livro raro no qual o artista com 84 anos, falou sobre si e sua obra…coisa rara até o momento!

Joan Mirò

Miró nasceu em Barcelona, em 1893. Cursou a Escola de Belas Artes de sua cidade e a Academia de Gali. Em 1919, visitou Paris, onde foi contagiado por aspectos dos movimentos estéticos fauvista  e dadaísta. No início dos anos 20, conheceu Breton e outros artistas surrealistas. A pintura O Carnaval de Arlequim , 1924-25, inaugurou uma linguagem cujos símbolos remetem a uma fantasia inocente, sem as profundezas das questões surrealistas.

Em 1937, trabalhou em pinturas-mural. Mais tarde, em 1944, iniciou-se em cerâmica e escultura. Três anos depois, viajou pela primeira vez aos Estados Unidos. No anos seguintes, trabalhou entre Paris e Barcelona.

No final de sua vida reduziu os elementos de sua linguagem artística a pontos, linhas, alguns símbolos e reduziu a cor, passando a usar basicamente o branco e o preto.
Morreu em 1983, em Palma de Mallorca, na Espanha.

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Carnival of Harlequim – 1925

Joan Mirò viveu na Catalunha com sua mulher Pilar.Sua obra inteiramente animada por um sonho pessoal,foi profundamente enraizada em sua terra.Chegando em Paris em 1919,ele participou desde 1924 nas grandes Manifestações Surrealistas.A partir de 1932 expôs em Nova York.Em 1937, colaborou no Pavilhão da Espanha Republicana, na Exposição Universal de Paris.

Em 1974 realizou-se a Grande Retrospectiva do Grand Palais e do Museu de Arte Moderna da Cidade de Paris onde puderam ser revistas as obras:” A Fazenda”, “Carnaval de Arlequim”  e “A cor dos meus sonhos” , obras-primas da Arte Moderna.

Trataremos aqui principalmente de trechos de entrevistas concedidas a Georges Raillard  e que  resultaram no  Livro “A cor dos meus sonhos”(Editora Estação Liberdade).Mirò aos 84 anos na época,resolveu falar de si e de sua obra…coisa rara até o momento.

Ele sempre procurou se eclipsar por trás de sua obra.Foi por ela e sòmente por ela, que tentou agir sobre o espírito e o coração de seus contemporâneos.Foi um artista que conheceu e conviveu com Picasso, Kandinsky, Duchamp, Calder, Breton entre outros.

Ele viu e viveu muito.Foi um revolucionário através da Arte.Seu inventário está sempre adiante dele, no ato da poesia.O mais real para ele, é a imagem de seus sonhos que não cessa de encadear uns aos outros. Com ele, o conhecimento , revolução e felicidade ganham ligação.

É um aprendizado da liberdade que ele pretende oferecer ao observador, ao qual cabe ler os caminhos em meio aos traços e cores que marcam a tela. Ele não espera que os sinais nas telas sejam imediatamente traduzidos em palavras.Ele gostava  de “causar” ,como diríamos hoje em dia.

Conheceu a miséria, a rejeição e nunca desistiu de construir e deixar um manifesto através de seu trabalho.

Palavras que poderíamos atribuir a Mirò: inquietude, sensibilidade, criatividade, otimismo, transformação…

Em 1917 foi influenciado pelas telas e poemas de Picabia – “Procurar mais contranger do que agradar…”

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“Poucos conhecem o trabalho do pintor: uma vida intelectual completa. Existe uma vida intelectual completa.Existe uma rotina, um ritmo de trabalho propriamente dito e  é nas horas de silêncio que produzo mais ,sem trabalhar – na minha cama

Todos os lugares que Mirò visitou , deixaram marcas – Japão, França, Estados Unidos , mas só na Espanha – Montroig, ele tinha raízes profundas.

Quando vinha alguma idéia era anotada em qualquer material e depois aprimorada na mente e posteriormente no material definitivo. É verdade também que podia ocorrer o inverso; uma mancha ou uma dobra inusitada podiam se tornar uma obra.

Vejamos agora o que ele disse a respeito de sua obra “Fazenda” : ” Como num sonho… escolho os animais, as plantinhas, tudo que tem ritmo. Para mim uma árvore não é uma árvore, algo que pertença à categoria vegetal, mas uma coisa humana, alguém vivo. Uma árvore é um personagem vivo, sobretudo as daqui, as alforrabeiras. Um personagem que fala, que tem folhas.Até mesmo inquietante…voce sabe …eu coloco um olho  ou uma orelha nas árvores.É a árvore que vê  e que ouve”.

“Confesso-lhe que sofro  muito enquanto trabalho. É uma  revolução permanente.Gostaria de nunca refazer o mesmo quadro”

Era muito próximo de Masson , Éluard e Paul Klee.

Sobre Klee : “Klee me fez sentir que havia algo a mais do que a pintura – pintura em toda expressão plástica, que era preciso ir além, para se atingir zonas de maior emoção e profundidade. Em 1923 ele era muito pouco conhecido em Paris. Foi Masson que me apresentou a Klee”

Raillard (entrevistador) :” Vamos imaginar o seu trabalho daqui a 3000 anos – como voce gostaria que fosse visto?”

Mirò: “Que compreendam que ajudei a libertar não só a pintura, mas também o espírito dos homens”

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The Vegetable Garden With Donkey – 1918

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Painting – 1933

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Personagem Atirando Uma Pedra Num Pássaro – 1926

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