O Rei se inclina e mata, um livro de Herta Müller

Literatura

HERTA
Vencedora do Prêmio Nobel de Literatura em 2009, Herta Müller nasceu em Nitzkydof, uma aldeia de língua alemã na Romênia, em 17 de agosto de 1953. Sua obra é marcada pelas duras condições de vida durante a ditadura de Ceausescu. Emigrou para antiga República Federal da Alemanha por se recusar a colaborar com o Serviço Secreto do País.

dl395&display&max=350

Herta Müller  se dedicou aos estudos de filologia germânica e romena.  Sua primeira coletânea de contos “Niederungen” foi censurada pelo governo de seu país, depois foi publicado na Alemanha com grande sucesso.

O segundo livro, “Opressive Tango”, também foi censurado pelo governo  de  Nicolae Ceauscescu, o que levou Herta Müller e seu marido Richard Wagner, também escritor,  ao exílio na Alemanha em 1987. Seus textos criticavam abertamente o regime comunista. Mora em Berlim desde então.

dl396&display&max=350

“É que, diferentemente de “os céus”, “os medos” não são poéticos.”

Um romance totalmente autobiográfico.

Recomendo que seja lido quando a casa adormecer.

Não é uma simples narrativa e ela começa na primeira palavra que vai dar forma a todos os sentimentos que se seguem.

Sua atenção não deve ser desviada um segundo, a não ser para se pensar e sentir o que se está  lendo.

A empatia com a escritora é necessária para se entender os mecanismos da visão e construção do seu mundo.

Sua elaboração dos acontecimentos passa pelos significados, sons, que variam de uma língua para a outra.

Suas reflexões vem de dentro, o muito de dentro para fora, o que a palavra diz e o que ela cala.

Todo o contexto histórico e político  em que viveu , o medo que permeou seus dias,  são percebidos através da linguagem, que é também usada como  um símbolo de sua resistência diante de um regime totalitário.

dl402&display&max=350

“ Cada um dos momentos do meu passado não poderia atravessar o meu presente de forma tão viva e nova se eu tivesse reconhecido suas intenções ao seu tempo, quando eram momentos vividos”

“Eu me admiro de como reconheci muito pouco a cada tempo a bagagem que ele , uma vez passado, me deixou para levar ao futuro”

“Tinha fome, mas não apetite, pois lembrava que gosto de tantas pessoas que nem imaginam do que a ditadura os priva”